January 10, 2005

O FIM DO CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO?

Warren Christopher, co-presidente do Conselho do Pacífico para a política internacional e antigo secretário de estado americano na administração Clinton, escreveu um ensaio para o New York Times em que dizia "A morte de Yasser Arafat torna de novo exequível um acordo completo de paz". Isto porque vê em Mahmoud Abbas, o líder moderado da OLP eleito hoje com pelo menos 60% dos votos (a contagem ainda não terminou), uma janela aberta para a paz no Médio Oriente. Christopher faz essa afirmação sobre Abbas porque este é considerado um "moderado" e além disso, afirmou em 1993, que no caso de alguma dia chegar a líder da OLP iria promover uma coexistência pacífica e de cooperação com Israel. Por outro lado, o Jornal "A Capital" refere que a vitória de Abbas com maioria (mais que) absoluta é um "sucesso que reforça a linha negocial defendida pelo agora sucessor de Arafat e lhe dá um capital acrescido para exigir às facções mais radicais o fim da luta armada e abre um novo caminho na procura da paz para o conflito israelo-palestiniano". Observa-se no mundo um claro optimismo em relação às consequências de longo prazo desta eleição.
Mas será que as coisas são assim tão simples? Uma vez que a Palestina tem uma forte presença de grupos extremistas como o Hamas e a Jihad islâmica, que apelaram inclusivé ao boicote nestas eleições (a taxa de participação terá sido na ordem dos 65%), será que as coisas vão realmente ocorrer do modo esperado pelo mundo em geral? Até que ponto é que estes movimentos vão dar ouvidos a Abbas? Nunca uma minoria naquela zona deu ouvidos à maioria, o que é que nos diz que as coisas vão ser diferentes desta vez?
Não quero ser fatalista, mas a zona do Médio Oriente é desde a criação do estado de Israel, logo após a II Guerra Mundial, uma zona problemática, em que a auto-intitulada "Nação Árabe" odeia a nação de Israel, ao ponto de quando ocorreu o terramoto em Bam em 2003, o Irão ter recusado ajuda de Israel, quando estes eram, sem dúvida, o país que teria a melhor relação meios técnicos/velocidade para ajudar os milhares de vítimas naturais do Irão.
Será que a minoria palestiniana vai acreditar que Abbas é capaz de fazer um acordo de paz e cooperação com Ariel Sharon? Ou, mesmo que esse venha a ser assinado, até que ponto é que os palestinianos vão acreditar que o Sharon vai obedecer às palavras que vierem a estar nesse acordo?
Repito-me, não quero ser fatalista, apesar de ter visto com muito bons olhos a eleição de Abbas, não concordo minimamente com Warren Christopher. Para mim, a janela para a paz só ficou entreaberta com a morte de Arafat, ficará eventualmente aberta quando o Sharon desaparecer do mapa...