February 25, 2005

O 1º DILEMA SOCIALISTA

De acordo com o Público, Ernâni Lopes, presidente da Portugal Telecom e antigo ministro das Finanças no IX Governo Constitucional (coligação PS/PSD encabeçada por Mário Soares), afirmou que o Estado tem de reduzir 1/3 dos funcionários públicos. De acordo com o gestor, 33% dos 800.000 funcionários públicos têm uma produtividade marginal nula ou seja, individualmente não contribuem com nada para a produtividade geral do Estado pelo que a solução óbvia, em termos de eficiência económica é...dispensá-los!
Tenho de admitir que concordo que o número de funcionários públicos é muito maior do que o necessário em Portugal. Aliás, e de acordo com Nuno Ribeiro da Silva, do Jornal de Negócios "A baixa produtividade da economia em geral e da administração pública em particular, não reside na falta de máquinas e equipamentos, mas sim nas multidões de organismos e funcionários excedentários e redundantes que se atropelam mutuamente".
Assim sendo, urge a necessidade de reduzir o seu número de modo a tornar a Economia mais "saudável".
Uma das promessas de campanha eleitoral de José Sócrates foi a criacção de 150.000 postos de trabalho. Uma vez que Sócrates não é nenhum Deus do Investimento Privado, a única maneira de a conseguir cumprir é criando a maior parte desses empregos precisamente na função pública, o que vai em contradição não só com Ernâni Lopes mas também com a maior parte dos analistas económicos. Penso que este poderá ser o primeiro grande dilema da administração socialista recém-eleita:
(1) Se decidir livrar-se dos tais funcionários públicos excedentários irá, por um lado, ter todas as forças de Esquerda a mandar vir com argumentos sobre os Direitos dos Trabalhadores e por outro irá mandar cerca de 267.000 trabalhadores para um sistema de Segurança Social que está quase falido.
(2) Se decidir manter os funcionários públicos irá fazer com que pouco ou nada mude no estado geral da nossa economia. A consequência será que a administração pública se mantenha lenta e com que Portugal continue pouco eficiente do ponto de vista económico.
(3) Se decidir despedir os 267.000 e contratar os 150.000 a coisa é capaz de melhorar, mas haverá capacidade para fazer isso em 4 ou 8 anos? Não me parece...