December 09, 2004

DECADÊNCIA


Inspirado por algo que li no Mundo da Chapa à uns tempos atrás, tenho de comentar o facto do Usher ter ganho, nada mais nada menos, que 11 prémios da revista Billboard. A Rit@, autora do post intitulado "Recordações dos Anos 90...", revelava algumas saudades dos tempos em que as bandas tinham capacidade de ganhar o estatuto de marcar as pessoas. Não quero dizer com isto, que as bandas conseguissem transformar qualquer um num groupie, mas que faziam com que as pessoas as admirassem incontestavelmente, isso faziam, e o mais provável é que o seu tempo de duração nos tops fosse justificado por isso.
Actualmente, estamos perante uma situação que me é, no mínimo, estranha. Os ritmos dançáveis vingaram e ganharam o estatuto de Estilo Musical do inicio do Século XXI, esta situação foi sem dúvida criada por aquele que é o maior mercado a escala mundial, o mercado americano (só para exemplificar, no top 100 de albuns da Billboard contam-se pelos dedos o número de bandas que não tenham qualquer ligação com ritmos Hip-Hop ou R&B...). Para mim, esta situação é preocupante, uma vez que estou um pouco céptico em relação ao sucesso de longo prazo destes artistas. Tal como a Rit@ dizia, esta nova vaga de música altamente comercial não é nada mais que fast music, que se ouve durante um mês e depois já fartou! Tão bem que me lembro dos Radiohead fazerem "concertos secretos" no Bairro Alto, tão bem que me lembro das super produções que foram os concertos dos U2, dos Pink Floyd e de outros em Alvalade. Penso que o cenário musical a nível mundial se está a aproximar da máxima "Muita quantidade, pouca qualidade".
Sinceramente, enquanto as bandas que eu ansiava ver em concerto apesar de tocarem o mesmo estilo de música tinham algumas características que os distinguia, agora não sou capaz de distinguir que músicas são do Nelly, do Usher ou do Jay-Z, honestamente parece-me tudo a mesma coisa... Claro que gosto de ir sair à noite e ouvir esta nova vaga, porém sou totalmente incapaz de a apreciar ao ponto de comprar CD's, porque para mim se é para comprar um CD, então vai ter de ser algo que eu tenha prazer de ouvir dois anos depois.
Com a noticia dos prémios Billboard, fiquei nostálgico daqueles tempos em que os Blur e os Oasis se envolviam em picardias tremendas para receber o título de Melhor Brit-Pop pós Beatles, daqueles tempos em que ansiava o novo disco dos R.E.M., enfim daqueles tempos em que aparecia pelo menos um disco de antologia em cada ano!
Uma questão que a Rit@ colocou no seu post foi qual o número de álbuns que podemos considerar de qualidade nos últimos anos. Assumindo que ela se referia apenas às bandas que apareceram desde o final da década de 90 sou forçado a responder que acho que apenas os Coldplay vão conseguir consolidar uma posição de longa duração no mercado. Isto sem contar com os géneros mais particulares derivados do Punk e do Indie Rock, em que entram bandas como os Strokes ou os Libertines e a que eu auguro sucesso contínuo (mas neste ponto, estou provavelmente a ser enviezado pelos meus gostos particulares).
Enfim, os anos 90 tiveram muita coisa má, mas a verdade é que, em termos musicais, conseguiram marcar a minha geração!