April 01, 2005

WOLFOWITZ NO BANCO MUNDIAL

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Paul Wolfowitz é o novo presidente do Banco Mundial (BM). De acordo com o Público, a escolha foi feita por unanimidade. O site do BM já o confirmou e vamos mesmo ter o político norte-americano como o décimo presidente desta organização internacional.
Tal como a maior parte dos comuns mortais eu só ouvi falar de Wolfowitz quando o George W. Bush foi eleito para presidente americano pela primeira vez, e o facto de o ver agora como presidente do BM deixa-me, no mínimo, confuso…
A missão do Banco Mundial é a seguinte: to fight poverty and improve the living standards of people in the developing world. Será que Wolfowitz tem um perfil que lhe permita lutar por este objectivo?
Vamos a ver, antes do 11 de Setembro, Wolfowitz era um ilustre desconhecido, e logo após os atentados tornou-se numa das mais conhecidas figuras do executivo norte-americano. Neo-conservador por natureza, ele está directamente ligado à mudança de comportamento na política externa americana. Claro que foram os atentados perpetrados por Bin Laden e a sua Al-Qaeda que causaram essa (justificada) mudança de comportamento, no entanto o debate se “os fins justificaram os meios” está longe de ter terminado... Wolfowitz foi o orquestrador confesso da guerra do Iraque, com o objectivo de derrubar Saddam Hussein e restaurar a paz e a democracia nesse país do Médio Oriente. O objectivo era nobre, não o nego, mas os resultados são evidentes e o Iraque está longe de ser uma democracia – Apesar de já ter tido as suas primeiras eleições livres – e muito longe de estar em paz, aliás só não está oficialmente em guerra civil porque as autoridades oficiais não o dizem…
Queiramos ou não, os Americanos entraram no Iraque com a ideia de adaptar o seu way of life à realidade iraquiana, porém as diferenças culturais entre o mundo ocidental e um país maioritariamente muçulmano são abismais pelo que, naturalmente, a mesma fórmula não iria funcionar no país.
Se compreendo o desejo de vingança mostrado por Bush e os seus compinchas? Claro que compreendo! Mas o problema é que essa vingança deveria ter sido feita de uma qualquer maneira diferente, como por exemplo o método que os mesmos EUA usaram durante a Guerra Fria – Cativar um partido com apoio popular e fornecer todos os meios necessários para que eles próprios derrubassem o líder! Claro que, do ponto de vista ético, este não será o melhor método, no entanto é indubitavelmente o mais eficiente. Mas houve uma mudança de comportamento com a conquista do executivo americano pela atitude neo-conservadora. Richard Perle e Paul Wolfowitz foram sem dúvida os grandes obreiros dessa mudança de mentalidade depois do 11 de Setembro, uma mentalidade que desejava uma América mais forte e uma América intervencionista a nível externo. Foi criada uma epopeia anti-terrorismo, anti-armas de destruição maciça e acima de tudo uma epopeia que assegurasse a manutenção da hegemonia americana a nível mundial.
A questão que eu coloco é a seguinte: Será mesmo um homem com o perfil de Wolfowitz o indicado para estar à frente de uma instituição que promove o fim da pobreza?
PS: Se aqueles filtros da CIA e da NSA forem reais, tenho a certeza que este blog vai ter as visitas de ilustres membros da segurança americana!! Para eles só digo: I love your country but your executive sucks!